Finalmente a rodar. Meses de preparação e expectativa, a cumular nas correrias finais em que há que recolher todas as pontas soltas e finalmente zarpar. Finalmente cruzar a ponte e respirar fundo – é agora!

A essa sensação libertadora segue-se o calafrio súbito... “Trouxe isto?! Arrumei aquilo?!” Na prática sabemos que quase tudo conseguiremos substituir ou improvisar. Mas a sensação de ter deixado algo importante para trás só desaparece ao fim do primeiro dia, ao passar o estreito de Gibraltar.

Entrar em Marrocos é um pequeno teste à documentação, numa viagem que ainda nos vai fazer passar mais cinco fronteiras (e algumas bem complicadas!) até que cheguemos a Bissau. Por agora, desembarcar em África e ultrapassar a simples fronteira marroquina provocam algum alívio inicial. Estamos prontos!

A descompressão ainda não é completa pois no início a moto transmite-nos também as mensagens mais inquietantes. Um soluço incompreendido, uma vibração que nunca tínhamos sentido, meia dúzia de graus de temperatura a mais, um qualquer ruído inédito... as dúvidas acumulam-se nestes dias em que a monotonia da incontornável auto-estrada nos deixa tempo para pensamentos circulares.

Serão tudo receios infundados? Na verdade, ninguém sabe ainda as avarias, os percalços e as situações que vamos ter de resolver. É assim a vida na estrada.