Continuamos o nosso caminho para sul, agora a um ritmo bem mais relaxado, bem mais lento.... degustando cada metro, cada quilómetro. Estamos nos últimos dias encontrámos algumas situações verdadeiramente africanas, um balsa que não funciona, uma pista que foi asfaltada, uma estrada em construção, coisas normais por estes lados que foram geridas como também é normal por aqui, com calma. Por causa da balsa avariada percorremos uma alternativa com mais 150 quilómetros, para evitar o asfalto monótono desviamos por umas pistas, a estrada em obras obrigou-nos a entrar na Gambia já com a noite escura. De manhã acordámos no coração da Reserva Natural de Abuko de frente para o rio Gambia, nadámos demoradamente na agua salgada deste país-rio, explorámos os mangais de piroga, aprendemos a apanhar ostras com os indígenas e depois de um belo almoço voltamos para o Senegal.



Ontem tivemos apenas 40 quilómetros para percorrer, mais uma vez instalados numa aldeia indígena resolvemos partir à descoberta do Parque Nacional de Casamance e das praias paradisíacas de Cap Skiring. Novas pistas, belos mergulhos e um por do sol magnifico acompanharam-nos de volta à aldeia, amanhã acordamos pela fresquinha e vamos para a Guiné. Todos já entraram no ritmo africano, o divertimento é continuo e as motos continuam sem problemas, resumindo: tudo perfeito. O Ricardo anda louco com as pistas e é mais uma vez escriba de serviço...



Chegamos à África depois do Rio Gambia, esse rio que também é um país...
Afinal não é Negra...
Nada mesmo..., é de todas as cores.
É verde vibrante, claro, escuro, azul do céu, cinza prata dos rios, roxo dos lagartos, vermelho das flores, rosa, laranja dos frutos, castanho do pó branco, amarelo das mangas, da felicidade e do imenso calor...





Na África da cores cheira sempre a manga, aliás, nesta manhã de Casamansa junto ao Fromagier gigante e sagrado, o ar estava doce e inebriante devido ao açúcar destas. Tão doce que o vermelho da pista saltava e enchia-nos de alegria enquanto serpenteava-mos através do verde desta selva. Verde forte, completo, presente, potente como a esperança, um verde do tamanho do Islão.




Nesta pista vermelha vêem-me à memória as surpresas desta “África das Cores”:
“Olha o rio é salgado”
“Olha a termiteira do tamanho de uma árvore”
“Olha aquele bicho, que espanto”
“Eh pá o frango vem com molho de caju”
“Há cerveja!!!”

Surpresas de cor imensa… Surpresas como essa luz vermelha do travão da mota do Nuno, que acende por causa do bicho castanho que atravessa a pista de Fech-Fech branco...
Surpresas que te acordam...





Faz como eu e acorda pá!!! Acorda com os bichos antes do Sol, esse Sol Africano, e vem cá para fora ver o violeta nascente. Encosta-te a uma árvore, inspira bem fundo e depois fecha os olhos...
E sente, cheira, escuta todas essas cores desta África a acordar...
Esta África é cor Imensa.

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