O Sertão de Minas Gerais.

8/26/2011 / 12:24 /

Acordámos com um cheiro intenso a café acabado de fazer. As frinchas no sobrado da casa do Barão do Bananal não dão muita privacidade mas compensam com um serviço que recorre ao olfacto para nos despertar.



Foi por razões como esta que decidimos fazer o desvio em Cunha e sair da rota oficial da Estrada Real. Evitamos a região densamente povoada e pouco interessante junto à movimentada Rodovia Dutra e saboreamos lentamente a rotina do vale histórico do café



Para falar a sério, lentamente talvez não seja um termo muito adequado a esta viagem, não que atinjamos grandes velocidades mas porque aproveitamos literalmente todos os minutos de sol para rodar.



Só com luz podemos apreciar a paisagem que nos envolve e vai variando à medida que vamos para o interior. Uma paisagem que vai passando de tropical luxuriante a mediterrânica e quase alpina, descendo depois para o Sertão mais seco e quente do interior das montanhas de Minas.



Sentimos todas estas mudanças na pele, sentimos o frio dos 2000 metros de altitude da Serra da Mantiqueira, o calor húmido da floresta de Bocaina e a secura quente do sertão mineiro. Tudo no mesmo dia!



Reencontramos a Estrada Real na descida da Serra, precisamente onde ela deixa de ser uma estrada nacional asfaltada e passa a ser um caminho de terra isolado e deserto.



O timming não poderia ser mais perfeito, acabámos de fazer 150 kms deliciosos num asfalto irrepreensível atravessando toda a Serra da Mantiqueira, e agora, precisamente quando começamos a encontrar transito e camiões fugimos para as pistas desertas do Sertão.



E que sertão.... 250 kms sozinhos numa pista maravilhosa que nos leva pelo meio de uma paisagem aqui e ali salpicada de vermelho e amarelo forte. Estamos na época seca, pelos vistos a época preferida de muitas plantas para florescerem.



Não convém é ficar muito distraído com as flores porque a pista tem algumas armadilhas. Os agressivos "Mata-Burros" não descriminam e podem perfeitamente matar outro tipo de animais.



Pelo caminho encontrámos vários morros coberto com plantações de café. Um simpático agricultor ficou de prosa e explicou-nos processo de colheita e preparação antes de ser torrado e moído para deliciar meio mundo.



A variedade de piso é incrível, vales com areia compacta e imaculadamente branca, declives acentuados com enormes lajes de pedra, intercalados por enormes secções de terra vermelha que serpenteiam por entre fazendas e morros a perder de vista.



Temos de confessar que com condições tão boas exagerámos um bocadinho nas velocidades, desenvolvemos até uma técnica de evitar os mata-burros, voando por cima deles.



Fotografar a estas velocidades não é muito sensato... mas muitas vezes a única forma de ficar na fotografia:)



A pista termina em São João Del Rey, nas imediações de Tiradentes, a antiga Vila de São José do Rio das Mortes, renomeada em homenagem ao herói da Inconfidência Mineira



E que bela homenagem, uma pacata e preservada vila colonial, encaixada na base de um enorme maciço montanhoso e repleta de barzinhos e esplanadas convidativas...



hoje ficamos por aqui!


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